RESUMO
O
estágio básico I teve um caráter preventivo sobre a relação mãe bebê, pois a vinculação é essencial para
o neurodesenvolvimento desta criança.
Essa mãe tem que posicionar-se como uma
mãe que acolhe e frustra na medida
necessária para que o bebê se desenvolva.
Temos
como objetivo criar resiliência para que a criança enfrente melhor as
adversidades da vida.
PALAVRAS
CHAVE: relação,
vinculação, mãe suficientemente boa, resiliência, neurodesenvolvimento.
1.INTRODUÇÃO
Este
estudo tem como ênfase a relevância de um
trabalho preventivo de neuroeducação, pois visa a necessidade de um preparo físico e
psicológico de pais que anseiam pela experiência de se tornarem pais,
promover a importância dos cuidados inicias até os primeiros anos de
vida da criança, refletindo
positivamente na vida deles.
Bowlby
(1990) menciona que os primeiros trabalhos que foram publicados tinham o foco
na literatura psicanalítica e psicológicas. O estudo realizado no ano de 1958
por Bowlby teve a construção com bases nos campos da biologia evolucionista,
psicanálise, etologia, psicologia do desenvolvimento, ciências cognitivas.
Bowlby
(1990) ressalta que o apego é um
comportamento biologicamente, pois com um mecanismo de alimentação, mas que
funciona dentro de um contexto que envolve conhecimento de uma figura de apego
que proporciona um sentimento de segurança e fortalecer a relação entre mãe e
filho. Esse vínculo de afeição é desenvolvido garantindo capacidades
cognitivas, emocionais na criança.
É
relevante destacar que o vínculo da mãe com seu bebê não acontece de uma hora
para outra, mas sim gradualmente. Winnicott(1965/2013) ressalta que a mãe
grávida tem uma identificação com a criança, pois essa criança é associada pela
mãe como um objeto interno. A mãe tem uma capacidade especial de agir de maneira certa, ela sabe
como o bebê se sente.
A
mãe suficientemente boa é aquela que vai proporcionar ao bebê uma adaptação
ativa das necessidades dele, na
qual essa adaptação diminui
gradativamente, pois a mãe suficientemente
boa é aquela que cuida do seu bebê em suas necessidades, mas também é aquela
que o frustra ao não atender imediatamente seus anseios. ( Winnicott,
1965/1982)
O autor Winnicott afirma que a alimentação é
uma das maneiras mais relevantes que a mãe faz com o seu bebê, pois a criança
que foi alimentada num processo no qual a sensibilidade esteve presente é de suma importância para sobreviver as
possíveis frustrações.
As funções
da mãe suficientemente boa em segurar, tocar, apresentação de objetos. O
segurar é a mãe ter a capacidade de identificação com seu filho. O segurar é um
meio básico de cuidado. O tocar é um facilitador de uma associação
psicossomática no bebê. ( Winnicott, 1965/1982)
É
pertinente observar que existem dois tipos de distúrbios maternos. De acordo Winnicott (1965/2013) existem a mãe
na qual interesses próprios são abandonados e em que ela seja incapaz de perceber essa sua condição,
que se assemelha a uma doença, porém é indicativo de boa saúde. Já no outro
extremo existe uma mãe preocupada com
seu bebê, mas essa preocupação se torna
patológica, em que essa mãe tem a capacidade de renuncia da própria vida em favor da criança. É
habitual essa mãe começar a recuperar
seus interesses próprios na medida que
criança permite fazê-lo. A mãe
patologicamente preocupada permanece por um tempo longo com o seu bebê, mas
abandona de repente a preocupação com a criança e substitui pela preocupação
inicial antes do nascimento do bebê. A mãe normal deixa de se preocupar com seu
bebê, uma espécie de desmane. A mãe
doente tem uma incapacidade de desmamar,
ou faz inesperadamente sem dar atenção a
necessidade do próprio bebê de ser desmamado.
Winnicott (1965/2013) ressalta que na presença da mãe suficientemente boa o bebê
consegue iniciar um processo de desenvolvimento
pessoal e real, mas se essa interação mãe-bebê não for suficiente o bebê
acumula reações a violação.
[...] o apego do ego da mãe não existe, ou é fraco,
ou intermitente, a criança não consegue desenvolver-se numa trilha pessoal; o
desenvolvimento passa então, como já disse, a estar relacionado com uma
sucessão de reações e colapsos
ambientais que com a urgências internas de fatores genéticos. ( WINNICOTT,
2013,p. 24)
É
apropriado ressaltar que a depressão materna traz prejuízos para o
neurodesenvolvimento das crianças. Proporcionar
um ambiente adequado aos bebês,
que auxiliará para que esse
indivíduo tenha a oportunidade de gradualmente torna-se uma pessoa
que obtenha um lugar na sociedade sem anular sua individualidade. (Winnicott,1965/2013).
Há
estudos que apontam um pequeno aumento dos níveis do cortisol salivar basal antes e depois da separação materna,
entre 9 a 13 meses da idade do bebê,
porém mais significativo aos 9 meses. O
aumento do cortisol salivar basal é mais verificado em bebês
de mães deprimidas. (Cunha,2005).
Frazão(2014)
afirma que o cortisol é um hormônio que
é produzido pelas glândulas suprarrenais, localizadas no rins, o cortisol serve
para auxiliar o organismo no controlo do estresse, redução de inflamações. O
cortisol alto no sangue pode dar origem a sintomas como a perda muscular, diminuição da testosterona, ou
aumento de peso. O cortisol baixo já origina sintomas de depressão, fraqueza,
cansaço.
É
relevante ressaltar todos esses fatores que auxiliam para um melhor
neurodesenvolvimento, porém é pertinente
destacar um fator importante que é a interação entre mãe e bebê.
A
interação mãe-bebê é essencial para o neurodesenvolvimento, é importante perceber
que essa interação acontece gradualmente. Oliveira (1997) afirma que o homem é transformado de biológico para
sócio-histórico por meio de um processo
cultural na qual a mediação está presente,
pois essa relação é mediada pelo meio social que a pessoa está inserida.
Em
um ambiente que proporciona ao bebê a vivenciar todo o
processo de adaptação ao mundo externo, não sendo uma extensão da mãe, essa que
o auxilia, mas frustrando ao perceber que suas necessidades não serão
atendidas de prontidão e isso fornece subsídios para a criação da resiliência
no bebê.
É
pertinente observar que a resiliência é um fator importante na vida do
indivíduo, pois é se construir positivamente nas situações da vida.
O
termo resiliência tem origem da Física, que significa “propriedade que alguns
corpos têm de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma
deformação. Capacidade de se recobrar ou de adaptar à morte, às mudanças” (Villar,2011).
Antunes(2003)
menciona que a resiliência quando aplicada
a vida humana faz com que pessoas, grupos, ou comunidades sejam capazes
de resistir as adversidades, e a utilização nos processos de desenvolvimento
pessoal e social.
Portanto é essencial a ligação entre os conceitos de apego, vinculação, mãe
suficientemente boa, resiliência, pois todos estão interligados para um melhor
neurodesenvolvimento da criança, pois se futuros pais tiverem clareza da
importância desses conceitos e da efetivação na vida deles, o neurodesenvolvimento de seus filhos será mais
benéfico.
2. OBJETIVO
O
objetivo deste estágio é refletir sobre a importância preventiva da
neuroeducação por meio de teorias.
Temos
a intenção de informar os pais que decidem engravidar sobre a necessidade do
preparo físico e psicológico de ambos para a concepção deste bebê.
Objetivamos
promover a relevância dos primeiros cuidados para o neurodesenvolvimento desde
o planejamento até o nascimento do bebê e bem como evidenciar a necessidade de
estimular o desenvolvimento do bebê, levando em consideração sua maturidade e
capacidade de autonomia.
Por
fim levar a sociedade a refletir sobre a importância do vínculo materno e as
consequências negativos quando há má formação desse vínculo.
3. JUSTIFICATIVA
Pensar
no tema Neuroeducação: O caminho para o
desenvolvimento: Sócio-Histórica, Winnicott, Luria, chamou minha atenção em princípio pelo
próprio tema e principalmente por se tratar sobre o caminho para o
desenvolvimento.
Partindo
do pressuposto da pertinência do tema que visa o neurodesenvolvimento é
relevante ressaltar que o tema tem um caráter de prevenção, pois com
atitudes como ter um olhar mais atento da mãe para seu bebê nessa interação
entre ambos.
4. METODOLOGIA
O
trabalho tem como proposta a revisão bibliográfica na
visão Sócio- histórica, ressaltando o
neurodesenvolvimento infantil
com base de pressupostos de Vygotksy,
Luria.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A
partir de uma revisão bibliográfica
percebemos a necessidade de um trabalho
preventivo que mostra para os pais a relevância da vinculação, atenção,
olhar para o bebê, fazer vocalização,
imitação com gestos, melhor qualidade de tempo,
para assim promover um melhor neurodesenvolvimento.
São muitos fatores relevantes para um melhor
neurodesenvolvimento. A chegada de um
bebê antecede o seu nascimento, pois é essencial um preparo dos pais.
Campos (2010)
ressalta que é necessário a orientação às mulheres gestantes acerca do desenvolvimento
do bebê durante o pré-natal. Vale
mencionar que apesar das
correntes sanguíneas da mãe e bebê estejam separadas pela placenta, mas existem
substâncias(vacinas, drogas, álcool, nicotinas, etc.) que podem ultrapassar
essa barreira, e assim influenciar o desenvolvimento cerebral do feto. É
essencial considerar que existem outros fatores de risco que podem influenciar
o desenvolvimento do bebê, como idade, enfermidades, estado emocional da mãe,
estresse, enfermidades genéticas do pai, saúde paterna.
É importante o
preparo físico e psicológico de pais para assegurar um melhor
neurodesenvolvimento do bebê, mas não se limita somente ao preparo, é
fundamental o comprometimento e atenção
ao desenvolvimento da criança, pois a relação pais – bebê não é uma relação baseada em
quantidade, mas em qualidade.
Aires (2012) menciona que é relevante o acompanhamento dos pais no
desenvolvimento do filho, pois garante a interação das emoções no processo de
desenvolvimento da razão. É fundamental criar nessa relação pais-filho um
momento de escuta dos pais, saber como está seu filho. Esse tempo que os pais
disponibilizam para seu filho é importante que seja um tempo com qualidade,
quinze minutos diários no início da vida dele é
fundamental.
O tempo e qualidade que os pais disponibilizam com
seus filhos é importante, mas criar estratégias que possibilitam aumentar as
habilidades sócioemocionais, promovendo resiliência, prevenir ansiedade e
depressão. Mas como pensar sozinho em estratégicas eficácias para promover as
habilidades emocionais, não é uma tarefa fácil. Por isso existem métodos
para treinar habilidades sociais e um deles é o Friends, com técnicas baseadas da psicologia
cognitiva-comportamental. Esse método
ensina estratégias comportamentais, cognitivas e fisiológicas que contribuem
para crianças, jovens e adultos a enfrentarem
as preocupações, estresse, auxiliando para criar resiliência.
Portanto este trabalho de prevenção é de suma
importância para esclarecer aos futuros pais a vinculação com seu bebê.
Auxiliando em suas necessidades primárias. Em contrapartida, estabelecer
gradualmente uma relação de desvinculação para mostrar que é necessário esperar
o momento certo de algumas situações. Nesse
processo começa criar resiliência,
cujo é fundamental ser resiliente para enfrentar as adversidades da
vida. Um indivíduo que tem
resiliência tem capacidade maior para lidar com acontecimentos da vida.
REFERÊNCIAS
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Quintino. 15 minutos com seu filho.
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nova pedagogia para uma escola pública de qualidade. Rio de Janeiro: Vozes,
2003 p.13)
BOWLBY,John. Apego. Volume 1 da Triologia Apego e Perda.
2 ed. São Paulo:Martins Fontes,1990. (,p.193/ p 195)
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http://portal.oas.org/LinkClick.aspx?fileticket=KZY3OMWkXBo%3D&tabid=1483 > . Acesso em: 10 de out. 2014. 21:30.
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e comportamentais em bebês de mães com
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WINNICOTT, D. M. A família e o desenvolvimento do indivíduo.
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